quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O jogo do ano (que vem)

Pela manhã desta quarta (22), a Mancha Alviverde divulgou manifesto pedindo a demissão de Cuca. À tarde, o técnico furou fila para conceder entrevista coletiva e reafirmar que fica no Palmeiras "até o fim". À noite, o presidente Mauricio Galiotte garantiu, em entrevista ao "Bola da Vez", da ESPN, que Cuca só deixa o clube antes do fim do contrato (dezembro de 2018) se quiser.

Respeito os três posicionamentos. Mas nenhum deles é verdadeiramente legítimo antes do apito final do Choque-Rei, no domingo.

Tem clássico nessa semana, pessoal. Em um momento crucial. Não vou falar de novo em "jogo do ano", um clichê verdadeiro e, por isso, tão desgastado. Já tivemos alguns "jogos do ano" em 2017. E todos tiveram mesmo esse peso em seus momentos.

O clássico de domingo tem um pouco disso, mas o ano que ele vai decidir não é 2017. Palmeiras x São Paulo é o jogo do ano que vem.

Cuca, acho que seu futuro, bem como o do Palmeiras, se decidem no domingo

Mancha, vamos pensar que o Palmeiras ganha jogando um bom futebol. Não será uma máquina, mas, se for consistente, ao menos, já trará dificuldades ao São Paulo. É dever do Palmeiras afundar o são Paulo. É até sinal de respeito com o co-irmão. Eu sei, não parece ser o caso. Mas também não é impossível, convenhamos, que pinte uma goleada maiúscula. E aí, vocês vão assim mesmo defender a queda do treinador? Não vamos deixar que ele mostre e prove que quer ficar em 2018 para trabalhar bem? Porra, não é o Eduardo Baptista, é o Cuca...

Cuca, seu "até o fim" veio bem a calhar. Porque, sem querer ser existencialista a essa altura do campeonato, o fim não tem hora, pode ser agora. Ou domingo. Ou dezembro de 2018. Então, vamos esperar. Domingo vai nos ajudar a decidir, nós e você. Guarde sua convicção, ou falta dela, para as 19h de domingo.

E, presidente... aliás, antes de falar sobre o Cuca, vou comentar a entrevista de Galiotte aos ótimos Gian Oddi, Eduardo de Meneses e João Canalha.

Galiotte se saiu surpreendentemente bem. Deu uma gaguejada aqui e ali - é impressionante a força de Mustafá Contursi. A mera menção de seu nome desestabiliza o discurso de qualquer dirigente do Palmeiras. Também não sou fã desse "senhores" que Galiotte utiliza com frequência, para falar com o coletivo. Paulo Nobre também o fazia, um pouco mais galhofeiro. Com Mauricio, o vocativo ganha um quê de professor de Educação Física e fica ainda pior. Corte esse vício, Mauricio.

Mas, enfim, presidente: se vier um vexame do domingo, dependendo das circunstâncias, vale dar uma conversada com o técnico. Chamar o Mattos e tal. Calcular perdas e ganhos com saída ou permanência. A verdade é que o time está mal. Em desempenho. Parte técnica. Moral. Isso tem a ver com o treinador também. Não só com ele, claro. Mas na combinação entre ele e os jogadores. Com o clube, em geral. Domingo vai ser um bom termômetro.

Vamos ser todos sinceros, palmeirenses, vocês também não estão sentindo que, se o Palmeiras perder no domingo, Cuca perde o emprego? Talvez não exatamente depois. Mas a pressão vai se expandir tão fortemente que, convicções gerais em contrário à parte, vai ser difícil segurá-lo. Dele para ele mesmo, também. Talvez se dê conta de que não está surtindo efeito.

Mas, se ganha, sobrevive, se fortalece. Ao mesmo tempo em que parte da torcida quer sua saída, outra parte quer sua permanência. E Cuca, quando ganha força, vira outro cara. Coisas boas podem vir de algo assim. Também já vimos esse filme.

Para o bem e para o mal, a meu ver, 2018 já começa no domingo. Mas não antes. Tenhamos só mais um pouquinho de calma. Todos nós.

Um comentário:

  1. Para que um ano comece, outro precisa terminar. 2017 não acabou e não acabará neste domingo, independentemente de qualquer resultado. Vale lembrar que para que um ano comece com boas energias é preciso terminar o anterior bem. Portanto, se me permite, 2017 precisa terminar com a classificação para a Libertadores. Com Cuca, sem Cuca, com bom futebol ou não, pois do contrário, 2018 será um ano muito difícil. Não queria pensar em recomeços, pois no Palmeiras isto será muito complicado se destruirmos tudo, como me parece que já iniciamos o processo... Grande abraço.

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