Já passou a raiva?
Se não passou, ainda, leitora e leitor, respirem um pouco por mais algumas horas. A minha passou. E sabe por que, em grande parte? Porque vi os melhores momentos há pouco, e a sensação desalento e revolta se arrefeceu muito. Porque o resultado teria sido completamente diferente, tivesse alguma das 18 bolas que chutamos entrado no gol antes do 0 a 1.
Mina, Bruno Henrique (duas vezes), Willian, Dudu e Guerra tiveram boas chances quando o jogo estava 0 a 0. Dracena e Willian também, quando o Palmeiras já perdia. Se o Palmeiras tivesse aberto o placar, o Corinthians não conseguiria ter executado impecavelmente o plano de jogo a que se propôs.
Sim, o Corinthians foi perfeito, mas o Palmeiras, em parte, permitiu isso, ao sofrer um gol bobo, de pênalti. Da Superior Oeste, ou seja, com visão lateral, deu para ver como funcionam bem e harmonicamente as duas linhas de 4 do Fabio Carille. A diminuição de espaços que Maycon e Gabriel impuseram a Guerra e quem mais passou pelo meio criativo do time. A velocidade com que eles se reagrupam e se transmutam quando têm a posse da bola. Méritos ao rival, futuro campeão brasileiro. Aproveitamento de 90% com um terço das rodadas disputado é para se reconhecer e aplaudir.
O Corinthians está como Jenson Button naquele Mundial de F1 em que, por sete provas, só a Brawn GP tinha um difusor de ar que lhe garantia vantagem de um segundo a cada duas voltas. Porque começaram do zero e eram, de fato, a quarta força paulista, quando o ano começou, os alvinegros fizeram muito bem a lição de casa e se acertaram. Têm humildade para reconhecer suas limitações e jogar defensivamente. E o fazem como um relógio suíço.
Mas falemos do Palmeiras. O troféu do Brasileiro não virá, mas brigar por uma nova vaga na Libertadores é fundamental. Sim, é broxante. Mas se pararmos para pensar que há 4 anos estávamos na Série B e que quase caímos no ano do centenário, bem, muita coisa mudou. O Palmeiras é enorme e não tem mesmo que se contentar em estar alijado da disputa de título. Mas sabe quem mais está assim: os outros 18 times.
E, não nos esqueçamos, o principal objetivo do clube ainda é a Libertadores. Cuca terá um mês e sparrings de luxo no Brasileiro para colocar a prova o seu time ideal para o restante da disputa. Doeu, sim. Ainda mais porque foi justo e incontestável. Mas o ano não acabou, Palmeiras. Aliás, por mais seis meses, o Palmeiras tem tudo para salvar seu ano com uma conquista continental. Uma Copa do Brasil também viria muitíssimo bem a calhar. Sacode a poeira, Palmeiras. Tem um semestre ainda antes do fim do ano.
Mesmo assim, porque cornetar é preciso, seguem dez observações sobre o Palmeiras que ficaram ainda mais evidentes após o jogo de ontem:
10 - O time se perde taticamente quando vazado e leva tempo demais para se recobrar;
9 - Até o Mina tem dias complicados e de mau futebol;
8 - Dudu vive um ano de muita oscilação;
7 - Guerra é o único meia criativo confiável do elenco;
6 - Nenhum dos laterais, dos dois lados, está adequado ao nível que o time quer ter;
5 - Borja é muito, muito, muito limitado tecnicamente;
4 - Cuca precisa treinar variações de esquema tático para quando o jogo "travar";
3 - Felipe Mello precisa ter um lugar no time;
2 - Moisés vai ter um lugar no time quando voltar da lesão;
1 - Tchê Tchê está jogando muito mal e não pode mais ser titular;
E, ainda assim, com o Corinthians à beira da perfeição tática, com um time desconjuntado no fim, se tivéssemos aberto o placar em bolas que passaram perto, o jogo teria sido completamente diferente.
Sem desespero, Palmeiras. E, Cuca, meu velho, vai trabalhar. Você tem muito o que fazer.
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