sexta-feira, 28 de julho de 2017

A culpa do Cuca

A saída de Fernando Prass do time titular do Palmeiras, pelas mãos do Cuca, me fez refletir um pouco sobre a própria condição dele como comandante alviverde.

Contra São Paulo e Cruzeiro, por exemplo, os erros do goleiro foram muito claros. Mas era difícil para muitos, inclusive para mim, enxergar que Prass pudesse estar contribuindo de uma maneira mais decisiva para a má fase, com erros menos perceptíveis. Bastou vermos Jailson em campo, porém, e ficou fácil constatar que o ídolo estava atrapalhando.

Em outras palavras: a idolatria pelo camisa 1 estava impedindo a visão da totalidade do problema.

E se estivermos fazendo o mesmo com Cuca? E se, por o adorarmos tantos, por tanta gratidão pelo ano passado e por seu sentimento pelo clube, estivermos tapando o sol com a peneira?


É preciso considerar alguns pontos. Cuca não iniciou o ano no clube. É sabido que indicou alguns jogadores, como Guerra e Raphael Veiga, ainda em 2016. Mas não chancelou Felipe Melo e Borja, uma decepção em forma de camisa 9, por exemplo.

Mas, mesmo com o hiato e as mudanças que Eduardo Baptista tentou implantar nos meses em que dirigiu o time, já não era para o time do Cuca estar jogando um pouco melhor? Já não era para ele ter encontrado uma formação minimamente padronizada, tanto quanto à escalação quanto à proposta de jogo? Já não era para o Palmeiras estar jogando bola, para ser bem direto?

Quanto dessa atitude blasé do time em alguns momentos, da imaturidade para controlar partidas ganhas, é responsabilidade do treinador? O abandono prematuro do Brasileiro, a derrota em jogos fundamentais, como o Dérbi. Quantos gols mais o Palmeiras vai tomar em falhas do sistema de marcação individual por encaixes, até que ele consiga fazer os jogadores atuarem bem assim ou ele mudar a forma de o time marcar?

Em 2016, Cuca fez mágica. Entre outras realizações, alçou Tchê Tchê e Moisés à condição de selecionáveis, revelou Roger Guedes e fez Gabriel Jesus jogar em nível estratosférico, num esquema baseado na marcação alta, encaixe individual e ataques rápidos.

Fica, porém, cada vez mais claro que a fórmula não encaixou do mesmo modo no grupo atual. Cuca não tem as mesmas peças. Alguns jogadores-chave caíram de rendimento, como Tchê Tchê e Mina. Moisés se lesionou. Gabriel Jesus mora em Manchester. Mas Cuca e o esquema são os mesmos.

A incapacidade de Borja em jogar minimamente bem também assusta. Ok, deu para ver que ele tem limitações técnicas e que a fase dele em 2016 foi uma anomalia. Mas não é possível que o índice zero de acerto seja apenas culpa dele. Mais uma vez: Cuca não o indicou e creio que jamais o faria. Mas isso não quer dizer que não deva tentar achar um modo de ele jogar - vale o mesmo para Melo. Estamos vendo Barrios voar no Grêmio. Com Cuca, o paraguaio era quarta opção, depois de Jesus, Alecsandro e Leandro Banana.

O fato é que agora é tarde. O jogo da volta contra o Barcelona-EQU, pelas oitavas de final da Libertadores, bate à porta do Allianz Parque. Não dá para Cuca tentar um novo esquema agora, incluir um meia, mudar o sistema de marcação, o que quer que seja. Mas para o próximo ano, ou para esse mesmo, caso dê tudo errado (bate na madeira), nosso treineiro tem que achar caminhos alternativos.

"Fora, Cuca"? A situação de momento está mais para um "volta (a acertar), Cuca".

In Cuca, I (still) trust.

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