segunda-feira, 31 de julho de 2017

All in

Não houve declaração pública, mas Cuca só pode mesmo estar acreditando que o Palmeiras vai ganhar a Libertadores.

Porque como num jogo de pôquer, as cartas já foram distribuídas, as apostas, todas colocadas sobre a mesa, e o treinador do Palmeiras depositou tudo no torneio continental. Cuca deu "all in.

A última ficha foi o afastamento de Felipe Melo. O treinador pôs em perigo a confiança que tem de parte dos jogadores, diretoria e torcida. O risco é alto. Ao colocar de escanteio um jogador adorado pela maior parte dos palmeirenses, trazido como trunfo da diretoria para a temporada, Cuca pediu para si mais um voto de confiança irrestrito.


Somam-se a esse pedido o semi-abandono do Brasileiro (para cuja disputa o time voltou, a despeito do desdém), a colocação de Prass no banco de reservas, o "exílio" de Borja como opção de ataque e a escalação, com pedido de apoio, para Egídio. Exceto pela questão Egídio, todas essas são brigas que dividiram opiniões meio a meio quando compradas.

Mas Jailson está se mostrando superior a Prass no momento. Borja já está convencendo seus últimos defensores de que realmente não vai vingar. A opção em poupar jogadores no torneio nacional também não tem sido tão danosa, e o time já está no G4 - nos últimos dez jogos, teve o mesmo desempenho do Corinthians, conforme publicou no Twitter o ótimo Thiago Ferri, do Lance.

Haverá ainda muita especulação sobre os motivos do afastamento de Melo. Não haverá consenso sobre as versões. Cuca deu a dele. Muita gente está falando em briga, em insubordinação de Felipe, em discussão com colegas. E o próprio Melo ainda vai falar.

Há, porém, duas certezas, independentemente de qual versão vier a ser dada como real e oficial com o passar do tempo:

1. Felipe Melo não conseguiu jogar como Cuca deseja, saindo para desarmar os meias adversários, sem se preocupar tanto com o posicionamento na cabeça da área.

2. A quantidade de confusões e polêmicas envolvendo o jogador, que tem, sim, qualidades técnicas e táticas, foi muito superior ao que ele proporcionou de benefícios ao clube até hoje.

Cuca parece ter escalado o seu time ideal para jogos em casa na vitória por 2 a 0 sobre o Avaí, no último sábado (29).

Um meio-campo com dois volantes leves (Bruno Henrique e Jean), um meia armador rápido (Guerra), dois pontas velozes (Dudu e Guedes) e um homem de referência de movimentação constante (Deyverson). Recuperado, Moisés deve ganhar a a posição de Jean, que pode ser recuado para primeiro volante ou pegar o  lugar de Mayke na lateral.

Ou seja: emulou o esquema que o levou ao título nacional de 2016. Nesse sentido, a vitória tranquila sobre o time catarinense foi alentadora.

Um novo Luan 

Cuca tem tanta certeza no seu trabalho que decidiu até extrapolar naquilo que tem como prerrogativa e está tentando pautar como e quem o torcedor deve apoiar durante os jogos. Tal atitude me faz retornar para tempos pouco gloriosos da nossa História.

Felipão nunca logrou êxito em sua campanha a favor do atacante Luan, entre 2010 e 2012. O gaúcho jamais conseguiu dobrar a torcida, que detestava ver o atleta em campo, com razão. Exceto por demonstrar, sim, muito esforço, o então camisa 11 nunca fez por merecer tanto apreço.

No sábado, o máximo que Cuca conseguiu foram gritos irônicos de "apoio" ao lateral-esquerdo. Dos quais o técnico se queixou na entrevista coletiva pós-jogo.

De quem tem quase 40 anos de Palmeiras, meu conselho ao técnico é para que ele pare de mencionar Egídio durante as entrevistas. Só vai atrair mais ironia e raiva da torcida. Com o pedido, fez com que os olhos de todos se voltassem ainda mais ao camisa 6. Que erra, como todos, mas com maior frequência e, agora, sob um escrutínio muito mais atento.

Mas o Cuca é tão "doido", tão diferente de qualquer outro comandante que eu já vi no Palmeiras, que eu nem duvido mais que ele ganhe também essa briga.

5 comentários:

  1. Felipe Melo joga pouco e fala muito. Não deveria nem ter sido contratado. Só o Cuca teria peito para fazer o que fez. Para mim, o que vier em 2017 será lucro, diante de todas as cagadas feitas pelo Mattos e pelo Baptista. O Cuca tem que planejar 2018.

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    1. Pois é, eu tb não gostei da contratação, não. Com EB, até tinha mais sentido a escalação dele. Para o esquema do Cuca, não serve.

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  2. Concordo, FM não caiu bem no time desde o início, pra mim foi um Erro do Mattos/comissão técnica. Olha, eu gosto muito do trabalho do Cuca. Se analisar friamente, ele acerta muito mais do que erra. Mesmo que não ganhemos nada nesse ano, seguiria firma na proposta dele. 2018 certamente promete mais.

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