Todo mundo em São Paulo que torce para outros times adora o Juventus, o Nacional e a Portuguesa. Os três, no que diz respeito aos resultados dentro de campo, são praticamente irrelevantes atualmente, a despeito do "carinho" de todos. Obrigado, mas não. Prefiro ser um gigante odiado que dispute títulos sistematicamente.
O problema é que essa antipatia, como bem apontou no Twitter o repórter Felipe Lucena (Lance), começa a atrapalhar as contratações. Aconteceu com Pratto, Richarlison e, agora, está acontecendo com Diego Souza: os adversário não querem reforçar o Palmeiras. Receosos de verem o elenco alviverde cada vez mais forte, os clubes vêm dificultando ao Palestra a contratação de seus jogadores.
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O técnico Cuca conversa com o diretor Alexandre Mattos na Academia de Futebol (Foto: Cesar Greco/ Ag. Palmeiras) |
Houve um tempo em que o Palmeiras, já com o diretor Alexandre Mattos, se vangloriava de conseguir contratar quem quisesse no futebol brasileiro. Era verdade. Mas o cenário mudou rapidamente em dois pontos específicos.
Primeiramente (complete mentalmente), o Palmeiras é hoje um clube já muito forte e com caixa alto. Ceder um atleta para um time em construção, de um clube com caixa mediano, é uma coisa. Contribuir para deixar um clube riquíssimo com um time bem próximo do ideal, é outra. Aí vem a segunda mudança: os alvos. Hoje, o Palmeiras mira jogadores importantes de seus rivais.
Vitor Hugo, Gabriel, Lucas, Rafael Marques e até mesmo Dudu chegaram ao Palmeiras para a construção de um elenco. Pratto, Richarlison e Diego Souza chegariam para serem cerejas em um bolo que já está bom. O Galo não se incomodou em ceder Pratto para o enfraquecido São Paulo. O Flu convenceu Richarlison a ficar por lá, até ser vendido à Europa. E Diego Souza? Conseguirá o Sport mantê-lo?
O Palmeiras, no entanto, não pode parar de se reforçar se o mercado interno fechar a porta para sua sanha de se reforçar. A resposta para esse problema pode estar na intensificação de observação nos clubes da América Latina e até mesmo da Europa. As chegadas de Borja, Guerra e Bruno Henrique são exemplos disso, ainda que Borja não tenha se adaptado.
Outra solução é tentar ser criativo para driblar a questão. Nos malucos anos 1990, com medo de ver seus jogadores com a camisa alviverde, o São Paulo, no ato da venda de suas peças para times do Velho Mundo, colocava cláusulas contratuais que impediam a repatriação direta desses atletas para o Palmeiras.
Foi por isso Cafu teve uma discreta passagem de meses pelo Juventude, quando retornou do espanhol Zaragoza para o futebol brasileiro para integrar o alviverde, em 1995. O time de Caxias do Sul também era patrocinado pela Parmalat e serviu de ponte. Um bem bolado do tipo com o Vasco ou Cruzeiro, que tem diretorias próximas à palmeirense, pode ser uma saída.
Com o interesse crescente dos jogadores em atuar pelo Palmeiras, é provável também, que em um futuro a médio prazo, vejamos cláusulas contratuais citando o Palmeiras nominalmente. Assim como Gabriel Jesus, que acabou vendido ao Manchester City, mas tinha uma multa mais baixa para jogar no Barcelona, é possível que jogadores jovens coloquem o Palmeiras como destino preferencial em caso de transferência doméstica.
O fato é que quanto mais dificuldades os clubes criarem ao Palmeiras para ceder seus jogadores, maior é o indício de que o Palmeiras e seu poderio desportivo-financeiro estão caminhando no rumo certo. No futebol, quanto mais odiado um clube for por torcedores e diretores rivais, melhor ele estará no que diz respeito à sua possibilidade de conquistas.
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