Como acontece de tempos em tempos, uma onda incontrolável já se ergueu na Rua Palestra Itália e vaga, cada cada vez mais robusta, em direção à Avenida Marquês de São Vicente com o intuito de afogar o treinador.
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(Foto: Ale Cabral/Agif/Lancepress!) |
A culpa do futebol ruim do Palmeiras, mesmo com os resultados históricos, emocionantes e relativamente bons, não é só do técnico. Seria simplista demais avaliar assim.
Mas há momentos no futebol em que não existe outro corretivo que não seja uma mudança de rumos (frase clichê, mas verdadeira). E como diz um outro chavão dos mais antigos, é mais fácil trocar um (o técnico) do que vários jogadores, em especial quando muitos já comprovaram suas qualidades - no Palmeiras e nos seus clubes anteriores.
É evidente que a troca terá um preço, que pode não ser baixo. Também é evidente que não é ano para desespero, que o time acabou de se campeão brasileiro e que, com mais tempo, Baptista poderia até se encontrar.
Mas o Palmeiras não oferece esse tempo. Essa é a característica do clube e da torcida. Entre o certo e o necessário, fico com o segundo.
Abaixo, os 7 motivos pelos quais considero que o Palmeiras deve "suicidar" seu treinador o quanto antes e inevitavelmente.
1. O time não tem padrão de jogo. EB não conseguiu dar uma cara ao Palmeiras. Não é uma equipe que marca o adversário no campo ofensivo para retomar a posse de bola. Não atua no contra-ataque. Não joga retrancado. Não joga aberto. Não mantém posse de bola nem propõe o jogo. O Palmeiras não consegue exercer com excelência nenhuma fórmula a que se propõe.
2. Os jogadores estão caindo de produção. Atletas que voaram no ano passado, como Dudu, Jean, Vitor Hugo, Tchê Tchê, Zé Roberto e até mesmo Mina estão rendendo menos do que podem, mostrando, inclusive, sinais de desmotivação. E EB já deixou claro que é um cara que não sabe e não gosta de motivar.
3. EB não tem apoio popular. Se nem mesmo as vitórias épicas e comprar uma briga com a imprensa, em especial com Juca Kfouri, deram ao técnico o carinho dos torcedores, algo que ele precisa para se manter no cargo, o que dará? Além disso, pesa contra ele o fator genético: seu pai é Nelsinho Baptista, e muita gente não "perdoa" o DNA.
4. A situação do técnico está fomentando problemas políticos. Há muitas coisas que não gosto no mundo, entre elas, a influência que os conselheiros do Palmeiras exercem nos rumos do time. Isso, porém, não vai mudar. A manutenção de Baptista enfraquece Galliote politicamente, Pior, arranha a imagem de Alexandre Mattos e, por consequência, engrandece o poder de Mustafá Contursi, que entende que o Palmeiras deve "desprofissionalizar" o departamento de futebol, por exemplo, o que seria um retrocesso imensurável ao clube.
5. O elenco também não está com Eduardo Baptista. Borja não chutou o copo d'água à toa ao ser substituído contra a Ponte Preta. Sabia que os colegas não o repreenderiam. Ao contrário, os jogadores lhe passaram a mão na cabeça. Infelizmente, Baptista não tem lastro para lidar com os egos desse elenco cheio de cobras. Cuca também não era benquisto pelos jogadores, muitos o detestavam. Mas abaixavam a cabeça e o obedeciam. Não me parece que o mesmo acontece com Eduardo.
6. A pressão sobre o técnico vai respingar no elenco. Hoje, palmeirenses estão conseguindo separar jogadores do treinador, entendendo ser de EB a maior responsabilidade pelos resultados ruins. Mas vaia é vaia. Se a torcida começar a xingar demais no estádio, vai inevitavelmente apoiar menos. E quando o estádio se volta contra o time, todos saem perdendo.
7. Por fim, Cuca. Nos bastidores, o nome do técnico que fez um trabalho sensacional em 2016 é cada vez mais forte. Ele já sinalizou que quer voltar a trabalhar. Isso sendo verdade, seria um absurdo ele não retornar ao Palmeiras para continuar o trabalho que ele mesmo começou. A Libertadores, maior objetivo no ano, e o Brasileiro, o segundo, estão longe do fim. Há tempo, ainda mais com um técnico que já conhece o clube e 70% do elenco, de traçar uma nova rota. Cuca é o cara certo para isso.
Eduardo Baptista pode ter muito sucesso no futebol futuramente. Embora precise aprimorar algumas características, como motivação e liderança, partes fundamentais no trabalho de um treinador, ele já demonstrou não ser um ruim no que diz respeito à teoria.
O problema, para ele, é que prancheta não é tudo. Teoria sem aplicação prática e coração não serve para nada. Em especial no Palmeiras.
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