Não há aqui nenhum juízo de valor. Querer ganhar muito mais dinheiro em seu trabalho é uma prerrogativa de qualquer trabalhador, de qualquer área. Basta apenas estar disposto a arcar com as consequências decorrentes.
No caso do Renato Augusto, as consequências profissionais são: abandonar pretensões de jogar pela seleção brasileira, cair no ostracismo e piorar tecnicamente, devido à falta de competitividade e até mesmo de profissionalismo do campeonato do país oriental.
A Folha de S. Paulo publicou nesta quinta (7) matéria relatando que a ESPN até tentou adquirir os direitos de transmissão da Liga Chinesa para o Brasil, mas que não conseguiu, por falta de estrutura de venda/interesse por parte dos chineses, que se bastam com o mercado interno, tranquilamente.
Sem nem mesmo ver pela TV, como Dunga saberá se os jogadores estão indo bem por lá? Ou, para ser direto: eles certamente vão estar jogando bem, mas como dimensionar o que isso significa, sem assistir aos jogos e acompanhar as partidas? Ricardo Goulart desapareceu por lá, por exemplo.
Recusar uma proposta chinesa significa apenas ter de aliar objetivos e expectativas à decisão tomada. Cerca de R$ 2 milhões por mês em salários, fora luvas, ou a possibilidade de seguir na seleção? Não é uma questão do que é mais nobre ou bonito, mas de desejo.
Pato, segundo dizem os colegas do Globoesporte, recebeu proposta de R$ 5 milhões mensais para também se mudar para o lado de lá do mapa. Não aceitou. No caso dele, já que não vem sendo convocado, a decisão não levou em conta a seleção. Ele está certo ou errado por não ir? Quem pode julgar, a não ser ele mesmo?
A única coisa que não engulo é esse papo de "conquistar a independência financeira", termo vago surgido no começo dos anos 1990, como justificativa dos jogadores que aceitavam se transferir para clubes do exterior.
Jogador de futebol top de linha, que ganha mais de R$ 5 milhões/ano só em salários, não me convence com essa história de "tenho de pensar na minha família" ao aceitar proposta de time chinês, como se o conforto futuro de filhos e netos dependesse disso.
Hipocrisia, não. O jogador tem que pensar nos familiares mesmo, mas só para decidir se quer mantê-los ricos e confortáveis ou se quer torná-los extremamente ricos e extremamente confortáveis.
Quer ir? Vai. Mas diz que está indo porque está a fim de ganhar um dinheiro absurdo, porque isso é importante e boa. Não tem nada de errado nisso.
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