sábado, 16 de novembro de 2013

Gilson Kleina só tem medo de avião


O palmeirense é um torcedor orgulhoso. Não se conforma com aqueles que não enxergam o Palmeiras sempre com a grandeza que sua história lhe deu, mas que os dias presentes nem sempre conseguem corroborar.

Dez dias após a chegada de Gilson Kleina ao Palmeiras, em outubro de 2012, entrevistei-o para o Diário de S. Paulo, onde trabalhava à época. Entre as várias descobertas inusitadas daquele dia, fiquei sabendo que ele falava francês, era casado com uma bailarina profissional e só tinha um medo confesso na vida: voar de avião.

A resposta sobre a fobia veio quando perguntei se ele não temia ficar marcado como o técnico que caiu com o Palmeiras para a segunda divisão pela segunda vez, como veio a acontecer pouco tempo depois.

“Medo de trabalhar em um clube como o Palmeiras? Essa é a maior chance da minha vida”, disse Kleina, com seu característico tom bonachão e caipira.

Conhecendo bem o Palmeiras, pensei, mas não falei, que ele não imaginava onde estava entrando ao aceitar aquele emprego que alguns mais experientes haviam recusado, e que um técnico campeão da Copa do Mundo e de duas Libertadores havia abandonado.

Hoje, mais de um ano depois daquela entrevista, Kleina já com acesso assegurado à Série A, conquistou também o título do Campeonato Brasileiro da Série B.

Leal, o palmeirense não abandonou o time. Mas não comemorou a volta à Série A, e muito menos a conquista do campeonato, como em 2003. A sensação geral de orgulho resgatado de dez anos atrás deu lugar a sorrisos contidos e à alegria blasé de dever cumprido.

Devido a esse sentimento, quem mais perdeu foi Kleina. Não apenas ficou marcado como o técnico que caiu, como também ganhou os selos de eliminado da Libertadores, eliminado da Copa do Brasil, técnico de time pequeno e de goleado por 6 a 2 pelo Mirassol. Garantiu o acesso, mas não ganhou admiração de ninguém. Não fez mais que sua obrigação, é o que dizem muitos torcedores.

Obrigação que muitos não tiveram coragem de abraçar. Obrigação da qual outros fugiram. Obrigação que ele cumpriu, mesmo sem ter um elenco muito melhor do que o de alguns dos times pequenos que ele dirigiu antes de aceitar a maior chance da vida dele.

Um comentário:

  1. continua sendo uma obrigação! obrigado pela subida, mas pode pegar o boné! hehe belo texto! Abs

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