sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A Arrancada Eterna de 1942


Quantas tardes, ainda garoto, não passei admirando aquele quadro que adornava a antiga Sala de Troféus do Palmeiras, nos idos de 1980 e 1990.

Quantas vezes não imaginei o sentimento daqueles jogadores que entraram no campo do Pacaembu, em 20 de setembro de 1942, sob o nome de um clube que não era o deles, segurando a bandeira de um país que não os queria ali.

Mas o Palestra não se curvou. Tampouco se esqueceu de que, como diz o seu hino, escrito sete anos mais tarde, sabia ser brasileiro.

"Não nos querem Palestra, pois seremos Palmeiras e nascemos para ser campeões". A frase atribuída ao advogado Mário Minervino, conselheiro do clube, é de arrepiar qualquer torcedor alviverde. Pois resume com precisão a alma palestrina, sempre tão repleta de amor, ódio e orgulho.

"A gente se olhava no vestiário e não se reconhecia. Alguns choravam e diziam: 'esta não é a nossa camisa. Este não é o nosso time'. Foi muito triste", contou-me emocionado o goleiro Oberdan Cattani, lenda vivíssima e único remanescente da primeira partida do clube sob o novo nome. "Somos nós, sim. Agora, o Palmeiras somos nós", corrigiu, à época, Oberdan.

E esse "nós" proferido por Oberdan, dali em diante, nunca parou de crescer. Sim, agora, era o Palmeiras. Mas o "P" do vecchio Palestra jamais saiu da camisa do clube - e muito menos da vida e do sangue de tantos devotos apaixonados.

A Arrancada Heróica de 1942, homenageada por lei desde 2005 no município de São Paulo, serve apenas para dar caráter oficial àquilo que todo palmeirense já sabe.

Porque ser palmeirense é arrancar heroica e eternamente todos os anos. É torcer além da lógica, além da inteligência, além dos fatos. Torcer pelo Palmeiras é mais que torcer por um time de futebol. É torcer por uma história. Por uma famiglia.

Parabéns pelo seu dia, Palmeiras. Parabéns para sempre, Palestra.


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