quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Por quê/ Para quê/ Quem é Riquelme?
Por que o Palmeiras quer Riquelme? Ou, indo um pouco mais longe: quem é o Palmeiras que quer Riquelme? E, para completar: quem é o Riquelme que o Palmeiras quer trazer?
O parágrafo acima tem cara de enigma da Esfinge, aula inicial de curso de filosofia ou abertura de Globo Repórter. Eu sei. Mas responder à tríade de perguntas é um bom ponto de partida para se tentar entender um pouco melhor os motivos de a atual diretoria de futebol estar tentando trazer o jogador xeneize para a Marquês de São Vicente.
Eu sei, por exemplo, porque o futuro ex-presidente Arnaldo Tirone quer a contratação. Na lógica vaidosa do presidente Pituca, contratar Riquelme é a última chance de sua administração deixar uma marca minimamente positiva nos derradeiros momentos de mandato. Um salvo-conduto. "Eu trouxe o Riquelme", poderá vangloriar-se o pitoresco dirigente.
Também é possível entender porque o técnico Gilson Kleina é reticente, pero no mucho, quanto à contratação do jogador. Um veterano gringo, com fama de difícil, que joga poucas partidas no ano. É, realmente não é animador. Até porque, esse posto já é ocupado por Valdivia no atual elenco. Mas Kleina nunca disse "não quero". Cavalo dado não se olha os dentes. Principalmente quando o avalista do cavalo é alguém temeroso de ter de pegar uma longa estrada a pé.
Mas por que Riquelme? Defensores da contratação dizem que o meia e é um bom produto de marketing."El ultimo diez". E talvez o seja. Mais uma vez, no entanto, o Palmeiras está dando um tiro no escuro. Houve uma pesquisa para se chegar a essa conclusão? Tentar comparar o potencial da "marca" Riquelme com a de Ronaldo, por exemplo, como alguns palmeirenses vêm fazendo, é pura miopia. Acreditar que o argentino pode alavancar o Palmeiras como o ex-camisa 9 fez no arquirrival é devaneio. Carisma, recall, empatia, simpatia dos meios de comunicação, influência política... Ronaldo leva essa disputa com larga vantagem.
E como estão as condições físicas e clínicas de Riquelme? Alguém sabe? Porque o argentino não entra em campo desde que perdeu a final da Libertadores, em 4 de julho de 2012. Alguém do departamento médico do Palmeiras teve acesso a algum dado sobre o assunto? A última impressão não foi das melhores. Ok, o time estava rachado e Riquelme não se dava bem com o técnico. Não sei o que é pior: pensar que Riquelme se arrastou em campo porque não tinha condições físicas, ou imaginar que o jogador "tirou o pé" para que o técnico e desafeto Julio Falcioni não ganhasse a Libertadores.
"Ah, mas Riquelme é craque". Bom, houve mesmo um momento em que o argentino esteve voando. Não vou nem mencionar o baile que ele deu na defesa do Palmeiras do Celso Roth, em 2001. Falemos então do cara que foi o melhor jogador das Américas em 2007. Sim, seis anos atrás. Desaprender, ele não desaprendeu. Só que o tempo passou. Tomemos o Edmundo como exemplo. Diga a verdade: você também não aguentava mais ver o Animal nos últimos jogos dele pelo Alviverde. E olhe que o Edmundo tinha história no Palmeiras...
Riquelme pode sim dar certo. Claro que pode. De repente, a gente não sabe, ele pode ter a pretensão de jogar a Copa de 2014. Pode ver no Palmeiras a chance de terminar a carreira com brilho. Com Barcos, pode formar uma carismática dupla castelhana - um trio, com Valdivia? -, que vai vender camisa como água. Pode virar garoto-propaganda de alguma marca, trazendo dinheiro para si mesmo e para o clube. Pode jogar bola e liderar o Verdão em uma campanha digna na Libertadores, além da voltar triunfal à Série A.
Mas e se der errado? Já é sabido que um dos contrato oferecido ao jogador pelo Palmeiras previa até um plano de aposentadoria para o atleta após três anos de contrato. Imagine se, logo na primeira temporada, já for possível perceber que o plano deu errado. Como arcar com R$ 400 mil mensais, a despeito do alívio no caixa obtido com dispensas e empréstimos de mais de 20 jogadores? Porque não há marketing esportivo que sobreviva a um desempenho ruim em campo.
Hoje, o Palmeiras não tem dinheiro nem reservas de confiança para diversas posições do elenco. Kleina já sabe que vai ter de lançar mão de garotos das categorias de base para tapar buracos. Será que é hora de apostar tão alto em algo com tanta margem de incerteza? Será que é de Riquelme que o Palmeiras precisa?
Prever, não é possível. Calcular riscos, sim. Na mesa de pôquer, quem arrisca um "all-in" sabe que é matar ou morrer. Riquelme vale esse risco para o Palmeiras?
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Vale a pena tentar. Uma grande contratação teria efeito imediato na baixa estima atual dos palmeirenses. Abraços do amigo.
ResponderExcluirOutro efeito da contratação, mais marginal, mas possível, é o Palmeiras manter a imponência (pelo menos pra torcida) frente ao rival estrelado Corinthians, especialmente na Libertadores. Abs,
ResponderExcluirFriamente, eu não o contrataria. Não faria parte dos meus planos se eu fosse diretor do Palmeiras. Mas como sou "só" da torcida, analiso de outra forma. Aliás, ao contrário da imensa maioria de palmeirense, sou otimista SEMPRE com o Palmeiras. Tendo a crer que o Riquelme, em outro ambiente, com treinamento sério e, por que não, motivado, poderia sim render bem no Palmeiras.
ResponderExcluirPenso na seguinte situação: jogo de volta das quartas de final da Libertadores, quem você preferia ver em campo: Riquelme ou Patrik? Para ser mais justo, Riquelme ou Tiago Real? Ou Riquelme e qualquer outro nome mais barato, de, eu odeio essa expressão, melhor custo benefício?
Riquelme tem um nome legal, chacoalha o ambiente, pode motivar Valdívia e ainda mais o Barcos.
Se o contrato for por produtividade, temos isso para nos garantir de alguma forma.
Precisamos é de muito mais gente e dar tempo pra molecada que preste.