quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O que você quer de verdade, Hernán Barcos?

Em entrevista a jornalistas italianos, David Barcos, agente e irmão do argentino Hernán Barcos, afirmou, em 2 de janeiro de 2013, que o centroavante não deve disputar a Série B deste ano pelo time do Palestra Itália. "A ideia é não ter Barcos jogando a Série B com o Palmeiras. Ele está na seleção argentina e está à procura de um lugar para permanecer com um nível elevado de futebol e poder continuar a ser convocado", disse o agente ao site italiano Tutto Mercatto.

E aí, Barcos? Qual é?

De que adianta gravar vídeos afirmando que nunca amou outro clube como aprecia o Palmeiras? Ou postar frases como "Tamos Juntos em 2013", em seu perfil no Twitter, se o seu irmão continua buscando um clube para você na Europa? Será que não está na hora de você e seu irmão afinarem os discursos? Será que David Barcos acredita que o torcedor não tem acesso ao que ele diz? Ou é você, Hernán, que acredita que um vídeo com juras de amor é suficiente para o palmeirense ignorar as declarações de seu irmão? Em 2013? Com Internet?

Sim, Barcos tem o direito de jogar onde quiser. Mas, se não quer ficar no Palmeiras, em primeiro lugar, que diga a verdade à torcida. E, posteriormente, sim, que busque maneiras de ir embora - leia-se clubes interessados e com dinheiro. Ele só precisa se lembrar, no entanto, de que não está no fazendo favor para ninguém ao jogar no Palmeiras. Está no clube sob contrato, ainda melhor remunerado agora que recebeu aumento, com cláusulas e valores de multas que precisam ser cumpridos. E, a não ser que esteja escrito em algum lugar do contrato dele que ele não pode atuar na Série B, o rebaixamento não é justificativa para a saída dele.

A questão seleção argentina é outro argumento que não me convence. Com todo respeito, Barcos, até outro dia você fazia juras de amor ao Equador, pátria que lhe acolheu, onde você conheceu sua mulher e seus filhos nasceram. Gentilmente, até autografou para mim uma camisa da seleção equatoriana, para minha coleção, sem receio de fazê-lo em vão, pois estava decidido a atuar com aquela camisa amarela. Bastou uma convocação para um jogo da Argentina, no entanto, para que todo o carinho pelo Equador fosse para o espaço. E de repente, a mesma seleção com a qual você não se importava mais, tornou-se a razão de ser da sua carreira. Seleção para qual você só foi após atuar pelo Palmeiras.

Vamos falar com clareza, sem demagogia? Barcos quer deixar o Palmeiras por dinheiro. Isso não é pecado. Barcos é um jogador profissional, com objetivos profissionais. Mas o profissionalismo precisar ter duas mãos. Afinal, o Palmeiras também é um clube de futebol profissional. E David Barcos não pode forçar a barra para ter seu cliente e irmão negociado. Muito menos afirmar a sites estrangeiros que o clube vai aceitar um valor menor do que a multa, por estar na Série B. Mais uma vez, indago: onde é que isso está escrito e registrado em cartório?

Barcos quer deixar o clube porque acredita que seu valor de mercado vai cair quando ele jogar a Série B. Está com medo de sumir. Talvez, porque tenha como referenciais as séries B da Argentina e do Equador, onde viveu mais tempo. O que Barcos não sabe é que o que dimensiona o interesse pela Série B no Brasil são os times que a disputam. Ou ele acha que teria mais valor de mercado disputando a Série A, digamos, pelo Criciúma, em vez da B pelo Alviverde? E tem mais: a Série B é apenas um dos campeonatos do Palmeiras no ano. Além do Paulista e da Segundona, o Alviverde tem nada menos que a Libertadores e a defesa do título da Copa do Brasil pela frente. Se é exposição o que Barcos busca, estar no Palmeiras em 2013, independentemente da divisão, será um grande negócio.

Diz o código de ética dos marinheiros que um capitão não abandona o próprio barco. Começo a crer que este o código não é aplicável para os piratas. Se tem algo que aprendi em tantos anos acompanhando futebol é que só existe uma coisa que torcedores não perdoam jamais: trairagem. Você pode deixar o clube quando quiser, mesmo em um momento tão difícil e decisivo na historia do clube, Barcos. Mas não COMO quiser.

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