
Do ponto de vista prático, no entanto, isso quer dizer muito pouco. Marcos Assunção, convenhamos, já não é um atleta top de linha para o futebol. Aos 36, o próprio reconhece já não correr como fazia aos 25 - embora acredite compensar isso com excelência cobrando faltas e escanteios. Os números corroboram o ex-camisa 20: 145 jogos, 31 gols, 24 assistências diretas - não entram aqui gols que saíram após escanteios cobrados por Assunção que viraram gol após bate e rebate na área, por exemplo. Por quase três anos, Assunção foi a arma mais letal do Palmeiras. Quando não, a única. Se alguém não tem culpa de o Palmeiras ter ficado Assunçãodependente, esse alguém é o próprio Assunção, que estava apenas fazendo o dele.
Indiretamente, um dos jogadores que mais contribuíram para o mito surgido em torno de Marcos Assunção foi o próprio Valdivia. Sua "oniausência" nos último triênio foi um dos principais motivos para o time tornar-se dependente da bola parada do ex-capitão. O Palmeiras nunca pensou, de verdade, em contratar um meia para jogar mais e ajudar a equipe e organizar o meio-campo. Sempre na expectativa de voltar a ter o chileno - machucado, suspenso ou convocado para a seleção de seu país. Também, devido ao gasto mensal proporcionado por Valdiva, na ordem de R$ 1,2 milhão, entre salários, direitos de imagem, luvas e parcelas de financiamento. Assim, o Verdão ia se virando com o que tinha. E o que tinha de melhor eram as bolas chutadas por Assunção.

O fato é que a realidade do Palmeiras, daqui em diante, será com Valdivia, já que o Palmeiras não consegue negociá-lo, apesar do esforço coletivo para que isso aconteça em breve. E sem Assunção, pois os conselheiros do clube avaliaram que um aumento de 30% para o capitão era injustificado. E, convenhamos, mesmo que Assunção o mereça, o timing não lhe era favorável. Clube trocando de diretoria, departamento financeiro mandando no futebol... Era muito difícil que o jogador conseguisse um aumento neste momento.
Por outro lado, sem dinheiro para contratar, sem gente hábil para negociar, ou um cacife alto, devido ao rebaixamento para a Série B, o Palmeiras precisa do Mago pelo tempo em que ele ficar no elenco. O chileno jura que vai jogar em 2013, que está focado. Disse que fez o que fez no Chile pensando em si mesmo. Nem mesmo quis mandar uma mensagem para os torcedores. "Não tenho nada a dizer à torcida", cravou. Já Assunção, saiu-se com essa. "Estou saindo sem querer, e faço questão de agradecer o carinho do torcedor", disse o ex-capitão.
As diferenças de postura e discurso tornam um pouco mais fácil entender a briga que os dois jogadores tiveram no final do ano passado. Em termos práticos, porém, amor muda pouco o placar. É melhor um Assunção "palmeirense", mas com dificuldade de se locomover em campo, a despeito da precisão com a bola parada? Ou um Valdivia egocêntrico, mas jogando bola? O tira-teima virá com os resultados futuros. Assunção já escreveu a história dele no clube. Valdivia ainda pode recolocar a dele no rumo certo.
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