Há um agradável tom de fábula em Soul Kitchen. Duplamente premiado no Festival de Veneza (Especial do Júri e Young Cinema Awards), o filme do alemão/turco Faith Akin, mais conhecido por seus trabalhos dramáticos é uma muita bem dirigida comédia de erros. Soul Kitchen, leve, mostra a versatilidade do jovem diretor, que já saiu com estatuetas de Cannes e Berlim, entre outros. Excetuando sutis ressalvas, o roteiro é criativo e amarrado. O ritmo é acertado e a direção de arte, precisa. Sem falar do elenco. Na pele do alemão/grego Zino Kazantsakis, Adam Bousdokos vai da ironia sutil à comédia física sem fazer força. E, em meio a tantos bons elementos de um filme tão redondo, rouba a cena.
Zino é proprietário do restaurante com ambiente moderninho/alternativo que dá nome ao filme. Em um galpão no que parece ser um bairro industrial de Hamburgo em processo de migração para o residencial - algo como o Meatpackers District, de Nova York - o grego conseguiu juntar uma clientela cativa, a despeito de seu pouco inspirado cardápio calcado em creme de leite e congelados. Zino namora Nadine (Pheline Roggen), rica e com a aparência de uma top model, que está de mudança para Shangai - sem o namorado.
Responsável pela cozinha do Soul Kitchen, Zino lesiona as costas seriamente. Sem ter quem o substitua, acaba se encontrando ao acaso com o chef de alta gastronomia Shayn. Sem emprego, perspectiva e relativamente surtado, o chef aceita o emprego, mas não o cardápio do restaurante. Nesse meio-tempo, Ilias (Morits Bleibtreu), irmão de Zino, recebe o benefício do regime semi-aberto na cadeia em que está preso, e precisa de um trabalho. Nada mais conveniente do que pedir ajuda ao irmão, que quase já não tem problemas em dose suficiente.
Seguindo Zino pela verdadeira corrida de obstáculos que se tornou sua vida, Soul Kitchen passeia por Hamburgo e pela vida de uma geração jovem semi-madura e alternativa, mostrando a cara de uma Alemanha menos sóbria.
Com as reviravoltas características das comédias de erros, o filme de Akin é muito bom e divertido, a despeito de algumas soluções fáceis demais, redentoras na trajetória do personagem e, portanto, perdoáveis - acredite: você vai querer 'torcer' pelo protagonista. Soul Kitchen é simples, divertido e curto (99 minutos), como as fábulas devem ser.
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