sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Filme: "O último dançarino de Mao" - Só a dança salva (o filme)


Em mais de uma cena, os personagens norte-americanos de O último dançarino de Mao (2009) criticam a falta de emoção das performances dos bailarinos chineses. Em sua avaliações faltaria aos orientais saber dar emoção à execução dos movimentos. Ironicamente, bastariam algumas pequenas adaptações, e esses diálogos poderiam ser totalmente aplicados às partes "não-dançadas" do filme do australiano Bruce Beresford (Conduzindo Miss Daisy) sobre a história real do bailarino Li Cunxin.

O filme é baseado no livro de memórias do próprio Li, um filho de camponeses recrutado ainda muito criança pelo regime do "Chairman" Mao para o ballet nacional. Com uma rotina massacrante de treinamentos, o menino cresce dentro da academia. De início, Cunxin sofre muito para se adaptar. Sabemos, no entanto, que em um dado momento a maré virou, pois o filme inicia-se com sua chegada a Houston, Texas, em um programa de intercâmbio com o ballet local. Flashbacks, em uma montagem meio quadrada, se encarregam de explicar como.

O curioso é que mesmo baseado em uma história real, com direito a superação, romance, traição, política, famílias separadas e intrigas internacionais, o filme é insosso. A história de Li, clichês de perseverança orientais à parte, é muito bonita e cheia de reviravoltas. Mas os personagens parecem estar no automático, sem motivação. Parte dessa questão pode ser explicada pelo fato de Beresford ter recrutado bailarinos clássicos de verdade para papéis muito importantes do filme - Li entre eles, vivido por Chi Cao. O ganho nas lindas seqüências de dança é nítido. Mas basta a música parar para que a monotonia volte a reinar na tela.

Com uma participação pequena, o sempre competente e esquisitão Kyle Machlachlan (do eterno Twin Peaks), juntamente com Bruce Greenwood, bastante crível e no tom certo como o coordenador do Ballet de Houston, acaba dando uma esquentada na trama . Mas não o suficiente para que se tenha a clara sensação de que uma bela história real foi sub-utilizada. O último dançarino de Mao é apenas correto, e só se salva porque os raros momentos de emoção do filme, durante as seqüências de peças clássicas de ballet, são realmente de cair o queixo.

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